Como deve ser o shofar de Rosh Hashaná?
- É uma mitzvá da Torá ouvir o som do shofar em Rosh Hashaná, como o versículo diz: “Dia do toque do chifre será para você” (Rambam, capítulo 1, halacha 1 sobre as leis do shofar). Completa o Rambam z”l: “…apesar do toque do shofar em Rosh Hashaná ser um decreto da Torá (uma vez que não há nenhum lado racional para fazê-lo), o seu significado é insinuado, e significa o seguinte: “Acordem, pessoas adormecidas, de seu sono (espiritual): façam introspecção, se arrependam de seus maus atos, e lembrem-se de seu Criador. Aqueles que esquecem a verdade e se perdem nas vaidades do tempo, dedicando-se todo o ano a temas insignificantes e banais, que não o ajudam, tampouco salvam. Observem suas almas, melhorem seus caminhos e ações; deixem seus caminhos tortos e pensamentos negativos, etc”. (Rambam, capítulo 3, Halacha 4 em leis de arrependimento. Veja também outras razões no Machzor Ohale Yaakov, Dinim, p. 120).
- Aquele que toca o shofar deve ser a pessoa mais repleta de Torá e temor a Hashem que puder ser encontrada. E o mesmo, antes de Rosh Hashaná, deve estudar as leis referentes ao toque do shofar.
- Poemas especiais foram compostos, alguns “Leshem ichud”, e uma oração especial para recitar antes do toque do shofar, de maneira a despertar o coração das pessoas para o arrependimento. Portanto, eles devem ser recitados com a máxima concentração e com o coração desperto.
- Discurso (derasha): É uma coisa boa e certa que antes do shofar ser tocado, o Rabino discurse sobre assuntos que fortaleçam e despertem as pessoas para o arrependimento. Visto que esta dissertação é feita em público, ele deve ser cuidadoso, especialmente neste dia, para não lembrar os pecados de Israel; E caso precise fazer uma repreensão a respeito de determinado assunto em particular, deve usar uma linguagem de dúvida, como por exemplo: “Se houver tal pecado entre nós”, etc., para não acordar o acusador do povo de Israel nesse dia.
- Não se deve comer antes de tocar o shofar, pois trata-se de uma mitsvá da Torá. No entanto, uma mulher fraca ou um homem velho e doente, que não conseguem permanecer em jejum até depois de ouvir o shofar, podem comer em um lugar reservado antes da oração. E se preferem comer após a oração do Shacharit, devem fazer kidush antecipadamente. É recomendável comer apenas um kezayit de algum alimento cuja bênção é “Mezonot” apenas depois do Kidush (Veja Sde Chemed, marechet Rosh Hashanah, 2:31; Caf Hachaim 585: 25-26).
- Se um indivíduo ora sozinho, somente deve tocar o shofar depois de terem tocado no Beit Haknesset, ou esperar até três horas após o nascer do sol. No entanto, a congregação pode tocá-lo antes da terceira hora. A mesma lei se aplica no que diz respeito à oração, portanto, um indivíduo que reza sozinho não pode recitar a oração do Mussaf somente depois da terceira hora (Shulchan Aruch 591:8: Caf Hachaim, Idem, parágrafos 35-36. Veja também, nas leis referentes ao toque do shofar durante a oração de Mussaf). Se houver muitos Batei Knessiot naquela cidade, o indivíduo que orar sozinho poderá tocar o shofar apenas depois de o terem feito no Beit Haknesset que o toca mais cedo das redondezas. Se mora em uma cidade onde não há Batei Knessiot, deve esperar que as primeiras três horas do dia passem, como mencionado antes.
- O shofar que é tocado deve ser preferencialmente de um carneiro. Deve-se verificar se não há rachaduras ao longo dele ou em suas laterais, e se não existem perfurações. Nem pode se encontrar algo preso no bocal, tampouco faltar uma peça naquele lugar; e nem mesmo haver uma pequena fenda no local (Ohale Yaakov, Leis do Shofar 4, Ben Ish Chai Nitzavim 16).
- Não foi cumprida a obrigação de ouvir o shofar, caso o som que sai dele foi alterado, ou possui algo obstruindo o bocal (Veja o comentário de Rashi sobre o Tratado de Rosh Hashana p. 29b e Ramban.
- Em Rosh Hashana, é permitido colocar vinho ou arak dentro do shofar para tornar seu som mais claro (Birké Yosef, capítulo 586, Shulchan Aruch, idem, seção 23).
- Deve ser designado um “macri” (alguém que dita) ao lado daquele que tocar o shofar, de modo a indicar a maneira correta de fazê-lo. Essa pessoa deve ser um Talmid Chacham (estudante da Torá), para que assim saiba quanto tempo cada toque deve durar, qual é o tom correto, qual eventual erro é necessário repetir ou por que não. Além disso, deve conhecer o ponto do qual deve repetir quando necessário e outros detalhes, como as intenções que devem ser lembradas durante os diferentes toques do shofar, especialmente se aquele que toca não os conhece. (Veja Ramá 585:4 e opiniões que discordam de sua posição).
- De acordo com a opinião do Ben Ish Chai, o macri pode dar instruções antes do primeiro toque. De acordo com o Mishna Berura, ele só pode indicar a partir do segundo toque, de modo que não seja considerado como uma interrupção entre a bênção e o toque do shofar. No entanto, o costume hoje é mostrar para a pessoa que toca os sons que devem ser feitos, a partir de uma folha ou de um sidur, de modo a evitar perder a concentração. (Ben Ish Chai Nitzavim 16, Caf Hachaim, idem, 46).